Após anos de embates entre ministérios, o governo federal lançou nesta terça-feira (15/07) o Plano BR-319, uma proposta inédita para possibilitar a pavimentação do trecho mais crítico da rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), com foco em integrar o Amazonas ao restante do país por via terrestre. O pacote de medidas inclui uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), criação de unidades de conservação e a estruturação de um modelo de governança com participação de diversos ministérios, estados e comunidades locais.
O anúncio representa um avanço histórico na discussão sobre a recuperação da BR-319, especialmente do chamado “Trecho do Meio”, entre os km 250 e 655, praticamente abandonado desde o fim dos anos 1980. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciaram o plano, que prevê ainda a contratação de uma consultoria independente para conduzir os estudos ambientais. A previsão é de que a AAE seja concluída em até oito meses.
A iniciativa tenta romper o ciclo de entraves jurídicos e ambientais que, por décadas, inviabilizaram a obra. Ao mesmo tempo, busca estabelecer um novo paradigma para a infraestrutura na Amazônia, conciliando progresso econômico com preservação dos ecossistemas. Entre os pilares do plano, estão ações emergenciais de governança, parcerias público-privadas e medidas de regularização fundiária e apoio às comunidades impactadas.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, elogiou o lançamento do plano e classificou a medida como uma resposta à luta histórica da população do Estado. “Finalmente, temos um plano que possibilita a repavimentação da BR-319. Depois de décadas de isolamento, foi dado um passo importante, provando que desenvolvimento e preservação podem caminhar juntos em benefício de todos”, afirmou.
Wilson Lima também reafirmou o compromisso do Governo do Estado com o cumprimento das condicionantes ambientais. “Estamos prontos para atuar como parceiros estratégicos, protegendo os territórios sensíveis e mantendo o diálogo com as comunidades diretamente impactadas”, disse.
A BR-319 foi construída entre 1968 e 1972 e possui 918 quilômetros de extensão. Em 2022, chegou a receber uma Licença Prévia do Ibama, mas a autorização foi suspensa pela Justiça Federal após ação de entidades ambientalistas. Com o novo plano, o governo pretende viabilizar a obra sem abrir mão dos compromissos internacionais de preservação ambiental.
A proposta é transformar a BR-319 em um corredor sustentável, com presença constante do Estado, fiscalização efetiva e estímulo ao desenvolvimento regional com responsabilidade socioambiental. Se implementado como previsto, o plano poderá não apenas pavimentar uma rodovia, mas também abrir caminho para uma nova era de integração e crescimento para o Amazonas e toda a região Norte.