A repercussão do lançamento do Plano BR-319, anunciado pelo Governo Federal como solução para destravar a pavimentação do trecho central da rodovia que liga Manaus a Porto Velho, não foi unânime no Amazonas. Para o senador Plínio Valério (PSDB-AM), a medida não passa de mais uma “encenação política” com fins eleitorais, sem efeito prático para resolver o impasse que há décadas paralisa a recuperação da estrada.
“É balela, é mentira, é enganação. O estudo já existe”, afirmou o parlamentar, ao criticar o novo Grupo de Trabalho (GT) e a promessa de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE). Segundo ele, o próprio Ministério dos Transportes já concluiu, em relatório divulgado em junho de 2024, que a repavimentação da BR-319 é viável, desde que acompanhada de medidas de mitigação socioambiental. “Se a intenção fosse realmente avançar, as máquinas já estariam operando”, completou.
Plínio argumenta que o novo plano, ao invés de acelerar, impõe mais etapas burocráticas ao processo. Ele lembra que a BR-319 já teve diversas iniciativas frustradas nas últimas décadas, sempre barradas por questões ambientais, decisões judiciais ou pela falta de vontade política. “Toda vez é a mesma história: criam mais um grupo, mais um estudo, mais uma promessa. Enquanto isso, o povo do Amazonas continua isolado”, disparou.
O senador cobra o início imediato das obras no chamado “Trecho do Meio”, de cerca de 400 km, considerado intransitável e abandonado desde os anos 1980. Para ele, o relatório técnico já disponível deveria ser suficiente para autorizar a pavimentação com base nas condicionantes previstas. “Não falta estudo, falta ação. A população não aguenta mais tanta enrolação institucional”, reforçou.
Desde 2022, a BR-319 possui Licença Prévia concedida pelo Ibama, mas a autorização foi suspensa pela Justiça Federal após contestação de entidades ambientalistas. O novo plano prevê a contratação de consultoria independente, criação de unidades de conservação, regularização fundiária e parcerias público-privadas como estratégias para viabilizar o projeto com responsabilidade socioambiental.
Ainda assim, Plínio Valério vê no anúncio um sinal de que o governo busca ganhos políticos em ano eleitoral, sem compromissos concretos com a execução das obras. “O que está sendo feito é marketing, não é gestão pública. O Amazonas não pode mais esperar por promessas que não saem do papel”, finalizou.
A crítica do senador expõe o ceticismo de parte da bancada federal do Amazonas, que, embora apoie a pavimentação da BR-319, diverge sobre os métodos e prazos apresentados pelo Executivo. Enquanto o Governo do Estado se coloca como parceiro na execução do plano, parlamentares como Plínio exigem que o foco seja colocado na liberação imediata da obra, e não em novos ciclos de planejamento.