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Rios iniciam vazante, mas impactos da cheia ainda atingem meio milhão

 


Com os primeiros sinais de vazante nas nove calhas dos rios do Amazonas, o estado entra em nova fase do ciclo hidrológico, mas a situação segue desafiadora em várias regiões. Atualizado neste sábado (19), o monitoramento da Defesa Civil aponta que mais de 133,7 mil famílias seguem impactadas pela cheia deste ano — o que representa cerca de 534 mil pessoas diretamente afetadas.

O número de municípios em Situação de Emergência subiu para 42, enquanto outros 13 permanecem em Alerta e apenas seis foram classificados como em estado de normalidade. O cenário reforça que, mesmo com o recuo das águas em algumas áreas, a recuperação ainda será lenta, especialmente nas comunidades ribeirinhas.

Desde o início da Operação Cheia 2025, em abril, foram realizadas ações emergenciais para garantir abastecimento básico de água, alimentação e atendimento médico. Já foram distribuídas 580 toneladas de cestas básicas, 2.450 caixas d’água, 57 mil copos de água potável e equipamentos como kits de purificação e uma Estação de Tratamento Móvel (Etam) — esta última enviada para municípios com dificuldade de acesso a água segura, como Guajará, Borba, Anamã, Humaitá, Manicoré, entre outros.

Na área da saúde, 72 kits de medicamentos chegaram a sete municípios (incluindo Apuí, Guajará e Ipixuna), beneficiando cerca de 35 mil moradores. Em Manicoré, uma nova usina de oxigênio com capacidade de 30 m³ por hora substituiu a antiga estrutura, que produzia menos da metade. Já em Apuí, foram enviados cilindros extras para reforço de segurança.

A educação também foi afetada: 453 estudantes dos municípios de Anamã, Itacoatiara, Novo Aripuanã e Uarini continuam tendo aulas por meio do programa “Aula em Casa”, adaptado para manter o calendário escolar ativo, apesar das adversidades.

O Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil segue acompanhando a situação em tempo real, com atualizações diárias dos níveis dos rios. A expectativa é que, com o avanço da vazante, novas fases de atendimento e recuperação possam ser planejadas — inclusive com foco na reestruturação das áreas mais atingidas.

O desafio, agora, é garantir que essa transição da cheia para a vazante não se transforme em uma nova crise: o recuo das águas pode expor áreas alagadas a surtos de doenças, dificuldades logísticas e prejuízos agrícolas. A resposta a esse cenário vai exigir mais do que ajuda emergencial — será preciso um planejamento que leve em conta o ciclo extremo que se repete com frequência crescente no estado.